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Como diagnosticar a apneia do sono

apneia do sono na mulher

De acordo com a Associação Americana de Medicina do Sono [1], a Apneia obstrutiva do sono (AOS) é um transtorno do sono relacionado com a respiração, caracterizada por uma diminuição ou completa do fluxo de ar durante o sono. Isso ocorre quando os músculos relaxam durante o dormir, fazendo com que o tecido mole na parte de trás da garganta colapse e bloqueie as vias aéreas superiores. Isso leva à hipopneias (i.e., redução parcial na respiração) ou à apneias (i.e., pausa completa na respiração).

Algumas consequências da AOS são a flutuação nos níveis de oxigênio, aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão sanguínea, aumento de risco de infarto e prejuízo na tolerância à glicose e resistência à insulina.

Além dessas consequências, a AOS também está associada a diversos outros quadros, como por exemplo, hiper sonolência, acidentes, doenças cardiovasculares, comprometimento cognitivo, ansiedade, depressão e disfunção metabólica [2].

Ao redor do mundo, a prevalência de AOS na população varia entre 1.2% até 7.5%. Em um estudo feito na cidade de São Paulo, a presença de OSA apareceu em 32.8% dos participantes [2]. Além disso, existem grupos de risco que têm mais chances de desenvolverem o transtorno, como por exemplo pessoas com sobrepeso ou obesas, tamanhos de pescoço largos, homens de meia idade ou idosos, mulheres no pós menopausa, e fumantes [1].

Desse modo, dada às consequências e a presença da AOS na população, é importante saber como diagnosticar adequadamente e qual tratamento adequado escolher para os pacientes!

A diretriz da Associação Americana de Medicina do Sono para o diagnóstico de AOS em adultos [3] possui uma declaração de boas práticas, que diz:

“A testagem diagnóstica para AOS deve ser realizada em conjunto com uma avaliação abrangente do sono e follow-up adequado. A polissonografia é o teste diagnóstico padrão para o diagnóstico de AOS em pacientes adultos nos quais há uma preocupação com AOS com base na avaliação abrangente do sono.”


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As 4 recomendações

1) Não usar ferramentas clínicas, questionário e algoritmos de predição para diagnosticar AOS na ausência de polissonografia ou teste domiciliar de apneia do sono.

2) A polissonografia ou o teste domiciliar de apneia do sono devem ser usados para o diagnóstico de pacientes adultos não complicados que apresentem sinais e sintomas que indicam um risco aumentado de AOS moderada a grave.

3) Caso um único teste domiciliar de apneia do sono seja negativo, inconclusivo ou tecnicamente inadequado, a polissonografia deve ser realizada para o diagnóstico.

4) Em paciente com doenças cardiorrespiratórias significativas, condições neuromusculares prejudicadas, suspeitas de hiperventilação, uso crônico de medicamentos opioide, histórico de derrame ou insônia severa, é recomendado o uso da polissonografia ao invés do teste domiciliar de apneia do sono.

Além disso, existe o Índice de Apneia-Hipopneia [4], que é medido pelo número de apeias ou hipopneias que ocorrem por hora de nosso. Baseado nisso, é feita uma classificação da severidade da AOS que variam entre mínima (menos de 5 por hora), suave (entre 5 e 15), moderada (entre 15 e 30) e severa (mais de 30).

É importante falar também, que nas mulheres alguns fatores relacionados à OSA são diferentes. Além da prevalência da AOS ser menor nas mulheres, elas podem apresentar diferenças nos sintomas e ter preferências diferentes, o que pode especificar abordagens diagnósticas e de tratamento. Segundo um artigo de revisão de literatura sobre a AOS em mulheres [5], ocorrem disparidades em relação aos homens devido a fatores fisiopatológicos (anatomia das vias aéreas) e hormonais. Além disso, o estudo ressalta que existe um baixo reconhecimento dos distúrbios respiratórios em mulheres devido à apresentação atípica e diferenças nos fenótipos polissonográficos. Dadas as diferenças na patologia, apresentação dos sintomas e manifestação da doença, é necessário que sejam desenvolvidas melhores formas de triagem e diagnóstico para AOS em melhores. Por isso, é importante se atentar quando a paciente for uma mulher.

Opções de tratamento que existem para a AOS

1) CPAP, em português Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas, que é o tratamento padrão. Esse equipamento facilita o fluxo respiratório, e é utilizado durante o sono

2) Aparelhos orais podem ser uma alternativa para aqueles que não conseguem ou preferem não usar o CPAP. Esses aparelhos ajudam a manter as vias respiratórias abertas e não obstruídas.

3) Quando tratamentos não invasivos não apresentam sucesso, a cirurgia é uma opção de tratamento, que é mais efetiva quando existe clara deformidade anatômica relacionada com o problema respiratório. Quando realizada, costuma reduzir o tecido do palato mole, úvula, amígdalas, adenóides ou língua

4) Mudanças comportamentais e de posição também podem ajudar a reduzir os sintomas. Nesses casos, as pessoas são recomendadas a perder peso e mudar de uma posição lateral para dormir.

Conclusão

Dada a prevalência e as consequências da AOS, é importante que ela seja corretamente diagnosticada em pessoas que sofrem do transtorno. E quando a paciente é uma mulher, é necessário ter uma atenção adicional. Saber as melhores maneiras para se diagnosticar é um passo fundamental para o profissional! Assim, a polissonografia possui um papel central entre os testes diagnósticos. E somente com uma diagnóstico bem-feito que o tratamento pode ser adequadamente escolhido para as necessidades de cada paciente!

Recomendação de leitura para saber mais sobre apneia obstrutiva do sono em mulheres:

Ayub S., Won C.H.J. Obstructive Sleep Apnea in Women. J. Sleep Med. 2019;16:75–80. doi: 10.13078/jsm.190047

Wimms A, Woehrle H, Ketheeswaran S, Ramanan D, Armitstead J. Obstructive Sleep Apnea in Women: Specific Issues and Interventions. Biomed Res Int. 2016;2016:1764837. doi: 10.1155/2016/1764837. Epub 2016 Sep 6. PMID: 27699167; PMCID: PMC5028797.

Referências

[1] https://aasm.org/resources/factsheets/sleepapnea.pdf

[2] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1389945710000948?via%3Dihub       

[3] https://jcsm.aasm.org/doi/10.5664/jcsm.6506

[4] https://healthysleep.med.harvard.edu/sleep-apnea/diagnosing-osa/understanding-results

[5] https://www.e-jsm.org/journal/view.php?doi=10.13078/jsm.190047

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