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Como lidar com um sofrimento?

Como lidar com um sofrimento?

No episódio 2 do quadro Pílulas do Podcast Cuidando de Você, a especialista em Inteligência Emocional e Comunicação Não-Violenta, Paula Roosch, compartilhou uma história emocionante sobre como lidar com o sofrimento e transformá-lo em uma jornada de evolução.

 

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Uma história de amor e despedida

“Eu quero que você reflita por aí: Como situações de sofrimento que você passou foram importantes para te fazer ressignificar sua história e até te ajudar a evoluir?”

Em um ato de empatia, a equipe do Centro Obstétrico de São José dos Pinhais decidiu escrever cartinhas para pais que acabaram de perder seus filhos, bebês natimortos. Essa pequena lembrança trouxe um pouco de conforto para os pais que tinham feito planos e sonhado com a chegada do bebê, mas tiveram que enfrentar o luto sem nem mesmo conhecer seus filhos. A equipe médica criou cartinhas em formato de anjos, carimbando nelas os pezinhos do bebê para que os pais tivessem uma lembrança física da breve passagem da criança por esse mundo.

 

O impacto de compartilhar empatia

“Eu fiquei muito na dúvida se eu postava essa história no Mídiamor, eu confesso. E o motivo é porque eu sei que é um momento doloroso para muitos pais e muitas pessoas podem achar até uma atitude mórbida.”

Apesar das dúvidas iniciais, Paula decidiu compartilhar a história, e a reação de um ouvinte chamado Thiago tocou profundamente a especialista. Thiago estava passando por um momento de grande tristeza após perder seu bebê e se deparou com essa história. Em uma mensagem emocionante, ele expressou como aquela publicação o acolheu e trouxe um pouco de esperança, reafirmando que a tristeza tem um propósito importante na vida.

Essa foi a mensagem do Thiago: “Ontem eu dei entrada com minha esposa em um hospital de Maceió, pois ela estava gestante e com sangramento, e tivemos a notícia de que nosso bebê não tinha sobrevivido. Posso dizer que foi o pior dia da minha vida, nada fazia sentido. Hoje, acompanhei ela até a porta do centro cirúrgico e prometi que só sairia dali quando ela saísse. Enfim, no meio de um turbilhão de pensamentos e emoções, eu peguei o celular e abri o Instagram. Foi quando a primeira publicação que me apareceu foi uma reportagem do Midiamor. O recado literalmente caiu como uma luva e eu desabei ali.”

 

A importância de sentir e ressignificar

“Falo que toda emoção tem o seu propósito e com a tristeza não é diferente. Ela tem esse propósito de nos fazer ressignificar situações da vida e por isso que a tristeza abaixa a nossa energia. A gente fica com vontade de ficar mais quietinho, de não interagir tanto, de realmente nos acolhermos. Só que a tristeza tem uma fase e essa fase precisa passar. O problema é quando a gente reprime a tristeza não querendo sentir.”

A especialista em inteligência emocional ressalta a relevância de acolher e processar a tristeza ao invés de reprimi-la. Ela alerta que a tristeza é uma emoção fundamental que nos convida a refletir e aprender com as situações difíceis. No entanto, faz questão de diferenciar a tristeza de uma depressão, um transtorno que requer atenção médica especializada.

 

Práticas para lidar com a tristeza

Paula compartilha três etapas práticas para lidar com o sofrimento:

1. Metavisão: Ampliar a Perspectiva

Quando estiver enfrentando um momento de tristeza profunda, experimente a prática da metavisão. Tente se colocar como um observador externo da situação. Imagine-se daqui a um ano, cinco anos ou até mesmo dez anos. Essa perspectiva mais ampla nos ajuda a perceber que o sofrimento que estamos vivenciando não durará para sempre. Pergunte-se: o que posso aprender com essa experiência? Como posso transformar essa dor em um aprendizado para minha vida? Essa reflexão pode nos auxiliar a encontrar um propósito maior em meio à tristeza e nos impulsionar para uma jornada de crescimento pessoal.

2. Busque Conexões: A Importância das Relações

É natural que, durante momentos difíceis, tenhamos vontade de nos isolar do mundo e buscar refúgio em nosso próprio sofrimento. No entanto, é crucial lembrar da importância das conexões humanas. Busque estar com amigos e familiares que se importam com você e que possam oferecer apoio emocional. Uma palavra amiga ou um abraço podem trazer alívio temporário para o coração pesado. Ao compartilhar suas emoções com pessoas queridas, você não apenas alivia o fardo do sofrimento, mas também fortalece os laços afetivos, o que pode ser uma fonte valiosa de conforto e esperança.

3. Pequenos Objetivos: Passo a Passo para a Recuperação

Quando enfrentamos tristeza e dor, é comum querermos superar tudo de uma vez, mas nem sempre isso é possível. Por isso, uma prática importante é estabelecer pequenos objetivos para cada dia. Não precisa ser nada grandioso, mas defina metas alcançáveis e que lhe tragam algum sentido de realização. Lembre-se do ditado que diz: “Você não precisa ver o topo da montanha, só o caminho que está na sua frente.” Cada passo dado é uma conquista, e ao celebrar essas pequenas vitórias, você estará se impulsionando para superar a tristeza e avançar rumo à cura emocional.

 

Dormir bem como ferramenta para o equilíbrio emocional

Além das práticas mencionadas anteriormente, uma boa noite de sono desempenha um papel fundamental na manutenção das emoções e no enfrentamento da tristeza.

O sono é um pilar fundamental para o bem-estar emocional e físico, pois é durante o repouso noturno que nosso corpo e mente se recuperam. Quando não dormimos bem, nosso sistema emocional pode ficar desregulado, tornando mais difícil lidar com as adversidades da vida. A falta de sono adequado pode aumentar a sensibilidade emocional, tornando a tristeza mais intensa e difícil de ser administrada.

Um estudo publicado no Journal of Sleep Research¹ aponta que uma noite de sono insatisfatória está associada ao aumento da atividade emocional negativa no cérebro, o que pode agravar a tristeza e a ansiedade. Além disso, a privação de sono interfere na regulação adequada das emoções, tornando-nos mais suscetíveis a reações emocionais exageradas e impulsivas².

Para enfrentar o sofrimento e lidar com as emoções de forma equilibrada, é essencial priorizar uma boa higiene do sono.

Recomendamos ler este artigo: Quer dormir melhor? Veja 10 hábitos essenciais para a higiene do sono

 

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Ao incorporar essas práticas em sua rotina, você estará investindo no equilíbrio emocional e na capacidade de enfrentar a tristeza e outros desafios com mais resiliência e clareza emocional.

 

Acompanhe a playlist Pílulas do Cuidando de Você com Paula Roosch

Referências:
¹ Yoo, S. S., Gujar, N., Hu, P., Jolesz, F. A., & Walker, M. P. (2007). A deficit in the ability to form new human memories without sleep. Nature Neuroscience, 10(3), 385-392.

² Tempesta, D., Socci, V., De Gennaro, L., & Ferrara, M. (2018). Sleep and emotional processing. Sleep Medicine Reviews, 40, 183-195.

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