Não dormir ou dormir mal não é fácil para quem está vivendo essa situação… Por isso, é muito comum que as pessoas procurem soluções rápidas e fáceis para conseguir resolver os seus problemas. Para quem não consegue dormir, muitas vezes essa solução rápida é o uso de remédios.
Quando bem utilizados, eles podem ser muito úteis para ajudar a dormir nas noites mais difíceis. Entretanto, eles podem ajudar a desenvolver hábitos disfuncionais com o adormecer quando mal utilizados [1], além de poder causar dependência quando usados em excesso ou por um longo período de tempo. Além disso, sabia que eles nem sempre costumam ser a primeira opção, até mesmo para os profissionais da saúde?
Apesar das utilidades dos remédios, é muito difícil tratar da insônia sem envolver mudanças de hábitos e comportamentos relacionados com o sono. Usar remédios e não mudar os comportamentos é que nem ter uma dieta cheia de energia e não fazer esportes… As comidas dão as condições para conseguirmos ter um bom desempenho nos esportes, assim como os remédios dão condição para aumentarmos a quantidade e a qualidade de sono por um período breve. Entretanto, se não aproveitamos essas oportunidades não fazemos nada a respeito, não saímos do lugar. No caso, se não praticamos esporte com uma dieta rica, engordamos, e se não mudarmos nosso comportamento mesmo tomando remédio, em longo prazo não conseguiremos dormir e ainda sofreremos com as consequências ruins que os remédios podem ter.
Por esses motivos, nesse texto, iremos falar sobre 1) Os principais tipos de remédios utilizados para tratar a insônia, 2) Quais são os malefícios dos remédios para dormir e 3) Quais outros métodos úteis (às vezes até mais que os remédios) que podem ajudar na cura da insônia. Como sempre, nosso objetivo é fazer com que você durma melhor e tenha uma vida com mais qualidade!
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Os principais tipos de remédios para tratar a insônia
Antes de falar sobre as modalidades de medicamentos mais usados pelos médicos para tratar a insônia, é importante trazer a nossa atenção sobre o uso seguro de remédios! Muitas vezes, quando tomamos decisões sem saber o que elas são ou como funcionam, podemos tomar as piores decisões. E no final quem sai perdendo é você, já que além de não conseguir dormir, ainda poderá sofrer malefícios dos remédios.
Por isso, antes de tomar qualquer medicamento, consulte um médico, lembre que o objetivo do medicamento é ser usado em curto prazo, sempre tome a dose certa e siga cuidadosamente as instruções para usar os medicamentos.
Com tudo isso em mente, iremos falar dos principais tipos de remédios para a insônia. Mas como já iremos adiantar, vocês verão que normalmente o melhor remédio será aquele que a gente não precisa de receita, que são as mudanças de comportamentos e a higiene do sono!
De acordo com a Associação Brasileira do Sono [2], algumas das principais classes de remédios para a insônia são os antidepressivos sedativos, as drogas Z e os benzodiazepínicos.
Falando dos antidepressivos sedativos, apesar desses medicamentos serem inicialmente desenvolvidos para o tratamento da depressão, alguns deles, por serem inibidores seletivos da recaptação da serotonina, substância envolvida no sono, eles ajudam a pessoa a adormecer.
As drogas Z costumam ser mais usadas para tratar a insônia aguda, e devem ser usadas apenas no horário de adormecer. É recomendado que seu uso seja feito junto de medidas não farmacológicas. Essas drogas têm alto potencial de abuso e dependência, por isso é comum usar esses remédios por pouco tempo. Os benzodiazepínicos, apesar de serem comumente usados para tratar a insônia, trazem efeitos adversos como sonolência, declínio cognitivo e rápida perda de eficácia. Desse modo, muitas diretrizes internacionais não costumam recomendá-los para se tratar a insônia.
Quais são os malefícios dos remédios para dormir
Agora que já falamos sobre algumas das principais classes de remédios utilizados para se tratar a insônia, iremos falar sobre alguns malefícios que eles podem trazer, tanto para o sono quanto para a vida como um todo.
Como vimos, um dos principais problemas dos remédios é que eles podem causar dependência e/ou serem usados de forma abusiva.
Além disso, eles trazem outros potenciais efeitos colaterais que podem variar de medicação para medicação. Estudos mostram que cerca de 80% das pessoas tomando remédios para dormir apresentam pelo menos uma dessas sensações durante o dia [3]. Começando a lista, alguns efeitos colaterais são:
– Sensação de queimação nos membros
– Mudanças no apetite
– Náuseas e diarreia
– Dores de barriga
– Tonturas
– Sede e boca seca
– Dores de cabeça
– Prejuízos cognitivos durante o dia
– Dificuldades de prestar atenção ou lembrar de coisas
Conhecendo todas essas dificuldades dos remédios, pode ser um pouco desanimador para quem quer tratar da insônia… Por isso, o restante do texto irá falar sobre um possível tratamento sem remédios para insônia, que qualquer pessoa, com qualquer idade e em qualquer lugar pode utilizar no seu dia a dia.
Quais outros métodos úteis (às vezes até mais que os remédios) que podem ajudar na cura da insônia
De agora em diante, vamos focar em medidas que podem ser tomadas por qualquer pessoa sem a necessidade de ninguém aplicar ou receitar para você. Se trata das recomendações da higiene do sono. Elas focam principalmente em coisas que você pode fazer para conseguir dormir melhor e ter um sono mais saudável.
A higiene do sono vai focar na construção de um ambiente adequado e em hábitos saudáveis para você ter no dia a dia para conseguir adormecer.
Primeiro, pensando no ambiente de dormir. É recomendado que ele seja um lugar confortável, silencioso, escuro e com uma temperatura e umidade adequada. Ter uma cama ou travesseiro desconfortável, um quarto muito claro ou barulhento e que seja muito quente ou muito frio, com certeza dificulta o nosso sono.
Pensando no que podemos fazer, um primeiro passo é pensar sobre o que a higiene do sono chama de controle de estímulos. Isso significa que é melhor para dormir acostumar o seu corpo que a cama e o quarto são lugares para dormir e somente para dormir. Caso a gente fique fazendo muitas coisas ou na cama ou no quarto, nosso corpo e nossa mente vão entender que é um ambiente para tudo, menos para adormecer…
Além disso, precisamos ter uma rotina adequada para ter um sono adequado! Por isso, é importante durante o dia se expor à luz do sol. E de noite, ficar no escurinho. Só assim entendemos quais são os horários de acordar e de dormir. Também é muito importante fazer exercícios, desde que não sejam muito perto de dormir. Se exercitar durante o dia gasta a energia do nosso corpo, entretanto, de noite pode deixar nosso corpo muito ativo, o que dificulta para dormir. Podemos também ter uma dieta equilibrada, e evitar comidas mais pesadas ou beber muita água perto do horário de dormir.
Além das coisas que podemos adotar para ter um sono melhor, tem aquelas coisas que são quase que proibidas de se fazer caso nosso objetivo seja melhorar a insônia. Coisas como fumar ou beber muito álcool ou café, principalmente perto do horário de dormir. Cigarros, bebidas alcoólicas e o café tem substâncias que são incompatíveis com o sono, por isso devem ser evitadas.
Dormir bem nem sempre é fácil, e por isso buscar por alternativas rápidas é muito tentador. Muitas vezes os remédios são a solução encontrada para pessoas com insônia, entretanto eles podem trazer diversos efeitos colaterais… Por isso, é muito importante conhecer e colocar em prática medidas que não dependem de remédios para melhorar nosso sono. Nesse texto, mostramos como a higiene do sono pode ser essa possibilidade.
Referências
[1] Moore, T. J., & Mattison, D. R. (2018). Assessment of Patterns of Potentially Unsafe Use of Zolpidem. JAMA internal medicine, 178(9), 1275–1277. https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2018.3031
[2] Associação Brasileira do Sono. Insônia: do diagnóstico ao tratamento. 2019. Disponível em: https://absono.com.br/wp-content/uploads/2021/03/consenso_insonia_sono_diagnostico_tratamento.pdf
[3] Proctor, A., & Bianchi, M. T. (2012). Clinical pharmacology in sleep medicine. ISRN pharmacology, 2012, 914168. https://doi.org/10.5402/2012/914168