A insônia é um dos distúrbios do sono mais comuns e, segundo algumas pesquisas recentes, tem se agravado desde a chegada da pandemia de Covid-19. Existem diferentes tipos e formas de classificar a insônia, no artigo de hoje falaremos sobre isto.
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PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA
Uma das formas de classificar a insônia diz respeito à sua origem. Em alguns casos, a insônia é uma doença, enquanto em outros, ela pode ser a consequência de uma doença.
A insônia primária acontece quando os sintomas não têm relação com outras doenças, ou com o uso de medicamentos para tratamento de outras doenças, por exemplo. A própria insônia é um quadro em si, podendo ter fatores intrínsecos e extrínsecos à pessoa que sofre desta condição.
A insônia secundária é causada por outra doença. Neste caso, ela aparece como sintoma, ou consequência, seja da doença em si, ou da forma de tratamento aplicada à esta causa original.
AGUDA E CRÔNICA
Outra maneira de classificar a insônia é levar em consideração seu tempo de duração e/ou causa principal. Assim, dividimos a insônia em dois tipos: aguda e crônica.
A insônia aguda tem duração mais curta, poucos dias ou semanas. Geralmente acontece após algum evento marcante, como falecimento de alguém importante, estresses eventuais no trabalho ou até mesmo alguns traumas.
Já a insônia crônica é identificada por aparecer várias vezes em períodos maiores (anos). Geralmente tem duração prolongada e causas mais complexas, demandando um diagnóstico mais detalhado.
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INICIAL, INTERMEDIÁRIA E TERMINAL
Podemos dividir os tipos insônia tendo em vista o momento do sono em que ela acontece, resultando em três tipos: inicial, intermediária e terminal.
A insônia inicial acontece quando a dificuldade se dá na passagem da vigília para o sono. São pessoas que têm dificuldade para adormecer.
A insônia intermediária (ou “de manutenção”) é quando a pessoa desperta no meio da noite e tem dificuldade de voltar a dormir.
O terceiro tipo, conhecido como terminal (ou “tardia”), acontece quando se desperta muito antes do horário desejado e a vontade de dormir não retorna.
LEVE, MODERADA E GRAVE
Segundo a Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD)1, a insônia pode ser classificada de acordo com o grau de comprometimento do funcionamento social ou ocupacional, desta forma, existem três tipos: leve, moderada e grave.
A insônia leve está relacionada a uma queixa de sono insuficiente ou não se sentir descansado após o sono habitual, acompanhada por pouco ou nenhum prejuízo social ou ocupacional. Costuma estar associada a sentimentos de inquietação, irritabilidade, ansiedade leve, fadiga diurna e cansaço.
A insônia moderada descreve uma reclamação noturna de uma quantidade de sono insuficiente também, mas, neste caso, acompanhado por comprometimento leve ou moderado do funcionamento social ou ocupacional.
Insônia grave descreve uma reclamação noturna de uma insuficiência de sono acompanhada por grave comprometimento do funcionamento social ou ocupacional.
Os três tipos estão associados a sentimentos de inquietação, irritabilidade, ansiedade, fadiga diurna e cansaço, sendo que na insônia leve estes sinais podem aparecer ou não, na moderada são mais presentes e nos casos mais severos sempre estão presentes.
UMA NOVA FORMA DE CLASSIFICAÇÃO
Um estudo publicado recentemente, em 2019, feito pelo Netherlands Institute for Neuroscience, na Holanda, classificou a insônia em 5 tipos diferentes, levando em consideração traços de personalidade, risco de depressão, atividade cerebral e resposta ao tratamento. Os pesquisadores chegaram aos seguintes tipos de pessoas com insônia:
- Altamente angustiado;
- Moderadamente angustiado, mas sensível à recompensa (ou seja, com respostas intactas a emoções prazerosas);
- Moderadamente angustiado, mas insensível à recompensa;
- Pouco angustiados, mas com alta reatividade (ao seu ambiente e eventos de vida);
- Pouco angustiados, com baixa reatividade.
O estudo avaliou 34 questionários diferentes, preenchidos por 4.322 pessoas através do Netherlands Sleep Registry, um banco de dados voluntário. Em um primeiro momento, de 2010 a 2016, estes dados foram analisados. Depois, numa segunda etapa, para validar a classificação em 5 tipos, 251 novos participantes foram avaliados em 2017. A classificação se sustentou. A vantagem de um estudo feito ao longo de tantos anos é que os autores puderam avaliar se houve estabilidade nos perfis classificados ou se os indivíduos mudam de tipo ao longo do tempo. A conclusão é de que esta divisão é estável.
CONCLUSÃO
Sendo um dos problemas de sono mais comuns e o principal fator de predisposição para a depressão, segundo o estudo citado, a insônia é um distúrbio que merece atenção. Ações preventivas podem ser tomadas a partir da clareza quanto aos sintomas deste transtorno, por isso, quanto antes você perceber os sinais e buscar ajuda médica, melhor!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1: Disponível em https://vct.iums.ac.ir/uploads/icsd.pdf
2: Blanken, Tessa F et al. Insomnia disorder subtypes derived from life history and traits of affect and personality. The Lancet Psychiatry, Volume 6, Issue 2, 151 – 163. January 07, 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/S2215-0366(18)30464-4.
