Talvez perdoar seja uma das habilidades mais difíceis da experiência humana.
Por que perdoar alguém que me machucou? Por que desculpar uma coisa que me fez mal? O que eu ganho com isso? Essas são algumas questões comuns que vêm à nossa mente.
Mas perdoar é algo que vai muito além dessas questões, e para entender isso, precisamos primeiramente definir e significar o perdão.
O significa perdoar?
Perdoar é uma atitude intencional e voluntária, pelo qual uma pessoa que se sentiu ferida tenta eliminar o ressentimento e a raiva e oferecer algum tipo de bondade, respeito, generosidade ou mesmo amor à pessoa que o feriu.
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É importante destacar que o perdão consiste na libertação de pensamentos e sentimentos negativos, como o ressentimento, a raiva e o rancor, e não necessariamente significa a reconciliação com quem o machucou. É possível perdoar e não se reconciliar, ou seja, não é preciso voltar ao mesmo relacionamento ou aceitar o mesmo comportamento que te magoou novamente.
Além disso, perdoar não significa aceitar e anular o comportamento injusto. Em contrapartida, oferece bondade e respeito diante da injustiça. O comportamento do outro pode ter sido injusto, e perdoar não significa “mudar de ideia”, tornando-o correto e aceitável. Você pode perdoar, e determinada atitude continua sendo condenável.
Por que devo perdoar?
O aprisionamento da mágoa, raiva e rancor leva o corpo a liberar hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol. Assim, perdoar tem uma importância fundamental para a saúde física e mental de quem sofreu. Fisicamente, o perdão está associado a um melhor funcionamento do sistema imunológico, menor colesterol, pressão arterial mais baixa e risco reduzido de problemas cardíacos. Para a nossa mente, o ato de perdoar está associado à melhora da autoestima, do humor e do otimismo, e protege contra a raiva, o estresse, a ansiedade e a depressão.
Além disso, o perdão pode proporcionar relacionamentos mais saudáveis. Perdoar está associado à relacionamentos românticos de maior qualidade e comprometimento, isso porque com o perdão, o rancor e a raiva dão espaço ao diálogo, à empatia e à reconstrução da confiança.
Como perdoar?
O psicólogo Robert Enright, especialista em pesquisas e terapias relacionadas ao perdão, defende que o ato de perdoar perpassa por seis fases, da injustiça ao perdão:
1.Experiência consciente
Aquele que sofre, vivencia de forma consciente os pensamentos e sentimentos negativos, como raiva, rancor e autoestima reduzida.
2.Necessidade de resolução
Tal pessoa reconhece que ignorar ou lutar contra a ofensa talvez não tenha funcionado, e, assim, percebe que o perdão pode ser uma saída para resolver essa situação.
3.Decisão entre justiça e piedade
A pessoa é levada a escolher entre uma das duas estratégias de resolução. Buscar a restituição, se levado pela justiça, ou agir com compaixão, se deseja agir com piedade.
4.Motivo para o perdão
A chance de escolher a piedade é maior à medida que o motivo para o perdão é mais forte. Assim, busque refletir se o ato foi devido à intenção maliciosa ou circunstâncias desafiadoras na vida do ofensor. Lembre-se: nós, seres humanos, somos imperfeitos, e devemos aceitar que os erros fazem parte da nossa existência.
5.Decisão para o perdão
É um compromisso que direciona as ações e comportamentos para o ato de perdoar, mesmo que ainda existam sentimentos negativos em relação ao ofensor.
6.Execução de estratégias de perdão
Perdoe, libere as emoções e os pensamentos negativos e reflita sobre como você pode ter crescido com a experiência e o próprio ato de perdão.
Lembre-se: perdoar não significa concordar com o ato errado. Significa livrar-se de um peso que você não fez nada para merecer.
“O perdão não faz a outra pessoa correta. Ela te faz livre”
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