Tocar e ser tocado é essencial para o desenvolvimento humano, desde nossos primeiros dias de vida. É por meio do toque que o bebê é cuidado e, ao mesmo tempo, sente segurança e afeto. E isso perdura até os dias de hoje, quando nos sentimos tristes ou sobrecarregados, temos a tendência a procurar o toque humano, algum lugar onde possamos nos aconchegar e nos confortar.
Por que procuramos o toque?
Estudos mostram que tocar e ser tocado por outras pessoas promove inúmeros benefícios para a nossa saúde física, mental e social, e o procuramos instintivamente desde cedo.
Por exemplo, os bebês agarram o dedo da mãe por um ato reflexo, que tem a função de manter as mães por perto. Em contrapartida, estudos mostram que a falta de toque é extremamente prejudicial e os indivíduos podem desenvolver graves problemas, como menores habilidades cognitivas e motoras, e déficits na linguagem e na sociabilidade.
A mensagem é clara: o ser humano é um ser social, e buscamos o outro como forma de garantir nossa sobrevivência e desenvolvimento saudável.
E isso é percebido não apenas em humanos. O psicólogo Harlow conduziu um estudo na década de 60 que tinha como objetivo estudar a teoria do apego de Bowlby.
Para tanto, fez uma pesquisa com macacos, que consistia em separar os filhotes de suas mães, e observar como eles reagiam de acordo com dois ambientes: em uma jaula, havia um macaco de ferro com uma mamadeira, que lhe proporcionava o alimento, e na outra, havia um macaco de pelúcia felpudo, que se assemelhava a um macaco adulto real, sem qualquer alimento.
Adivinha o resultado? Os filhotes tiveram preferência pelo macaco de pelúcia, apesar de não lhe fornecer nenhum tipo de alimento. Esse estudo, apesar de todas as críticas éticas, permitiu verificar como o toque e o apego são importantes para os filhotes e suas mães.
Quais são os benefícios do toque?
A ciência mostra que o toque nos beneficia de diversas maneiras. Abaixo citaremos alguns benefícios:
- Diminuição do nível de estresse: o toque, bem como seu significado de afeto, segurança e conexão, diminuem o nível de cortisol no sangue, conhecido como o hormônio do estresse, aliviando seus sintomas;
- Melhora do sistema imunológico: o cortisol suprime o sistema imunológico. Assim, ao passo em que o toque diminui o nível de cortisol, promove também as respostas do sistema imunológico;
- Aumenta o nível de ocitocina: o toque, seja ele em forma de abraços, beijos ou aproximações, aumenta os níveis de ocitocina, o hormônio da conexão. A ocitocina tem um importante papel na sociabilidade do ser humano, sendo relacionada à identificação e reconhecimento das emoções dos outros, empatia, confiança, generosidade, cooperação e motivação à conexão social.
- Melhora a qualidade dos relacionamentos: claro que o toque tem grande variabilidade de cultura para cultura, e mesmo de pessoa para pessoa. Mas, de modo geral, quando tocamos, abraçamos ou beijamos o outro, considerando a intimidade existente, expomos de forma não-verbal nossas emoções, demonstrando afeto, carinho e confiança.
Reflexões sobre o contexto atual
Até aqui, entendemos a importância do toque para o desenvolvimento e o bem-estar físico, mental e social do ser humano.
No entanto, estamos enfrentando uma pandemia mundial, que nos faz justamente evitar o toque e o contato social. Ainda não temos respostas sobre esse assunto, apenas algumas reflexões.
Quais serão os efeitos do afastamento físico para a saúde física, mental e social? Existem estratégias que podem substituir o toque físico? Se sim, quais são?
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