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Obesidade: Um diálogo de saúde mental

Obesidade: Um diálogo de saúde mental

Neste episódio, exploramos a relação entre transtornos alimentares, obesidade e saúde mental com a psicóloga especialista Valeska Bassan. Discutimos o alarmante aumento da obesidade no Brasil, destacando seu vínculo com questões emocionais e psiquiátricas, como ansiedade e depressão. Também abordamos como a indústria alimentícia e a cultura do corpo magro contribuem para o estigma da obesidade. Além disso, Sérgio e Valeska conversaram sobre a importância dos hábitos e do sono na saúde e no controle do peso.

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A obesidade é um problema alarmante no Brasil, afetando quase 70% da população. No entanto, suas raízes vão além da simples falta de controle alimentar. Neste artigo, exploraremos as conexões entre a obesidade, questões emocionais e psiquiátricas, influências da indústria alimentícia e do culto ao corpo magro.

Boa leitura!

 

 

Obesidade no Brasil

O Brasil enfrenta um preocupante aumento nos índices de obesidade, especialmente entre jovens de 18 a 24 anos, de acordo com os resultados de uma abrangente pesquisa nacional divulgada em junho de 2023, realizada pelo Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia).

Este crescente problema de saúde está diretamente relacionado à combinação de uma dieta inadequada e à insuficiente prática de atividade física, conforme evidenciado pelo estudo, que ouviu 9.000 participantes de todas as regiões do país. A coleta de dados ocorreu entre os dias 2 de janeiro e 18 de abril, por meio de entrevistas telefônicas.

Os números revelam uma situação alarmante: em 2022, 9% da população nessa faixa etária apresentava um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², o que indica quadro de obesidade. No entanto, em 2023, esse percentual disparou para 17,1%.

Atualmente, mais da metade da população brasileira (56,8%) enfrenta problemas de excesso de peso, englobando tanto pessoas com sobrepeso quanto casos de obesidade. Isso inclui indivíduos com IMC igual ou superior a 25 kg/m². É importante ressaltar que a situação é ainda mais crítica na faixa etária de 45 a 54 anos, onde o índice chega a alarmantes 68,5%, e entre os jovens de 18 a 24 anos, atingindo 40,3%.

Essa tendência é um alerta para a necessidade urgente de medidas e conscientização sobre a importância de hábitos saudáveis em nosso país.

 

Ambiente obesogênico

A imagem mostra uma pessoa com alimentos saudáveis do lado direito e alimentos ricos em gordura do lado esquerdo
O ambiente em que se vive pode predispor à ocorrência de doenças: a obesidade é um exemplo

O termo “ambiente obesogênico” refere-se a ambientes promotores ou facilitadores de escolhas alimentares não saudáveis e de comportamentos sedentários, os quais dificultam a adoção e manutenção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física. Esse ambiente, muitas vezes enraizado desde a infância, molda nossos padrões alimentares e preferências ao longo da vida. “O paladar é aprendido”, afirma Valeska Bassan.

A disponibilidade excessiva de alimentos, muitas vezes altamente processados e ricos em calorias, desempenhou um papel significativo no agravamento da obesidade. Além disso, a indústria alimentícia, que promove opções de fast food convenientes e frequentemente pouco saudáveis, bem como a incessante comercialização de remédios e dietas milagrosas, também contribui para a epidemia de obesidade.

 

Questões emocionais e psiquiátricas

A obesidade é uma condição complexa e multifatorial, e várias razões contribuem para seu crescimento preocupante. Ao ser perguntada do principal motivo por trás do aumento dos números de obesidade a psicóloga Valeska Bassan respondeu:

“Acho que é uma série de razões, porque a obesidade é multifatorial. Mas sem dúvida, as questões emocionais e psiquiátricas, porque as pessoas estão ficando mais depressivas e ansiosas, e isso é um fator importante para a obesidade.”

 O aumento significativo da depressão e ansiedade, especialmente durante eventos como a pandemia, tem sido um fator importante no surgimento e agravamento dessas condições de saúde. Muitas vezes, a relação entre as emoções e os padrões alimentares disfuncionais é intrincada, levando a comportamentos como compulsão alimentar, restrição extrema ou uso inadequado de métodos de controle de peso.

 

Combatendo os estigmas da obesidade

No esforço para combater o estigma associado à obesidade, é fundamental enfatizar a importância da conscientização e educação. A psicóloga Valeska Bassan, especialista em transtornos alimentares, destaca que é essencial não considerar a obesidade como uma mera falta de força de vontade ou controle pessoal – pelo contrário, é crucial reconhecer que a obesidade é uma condição metabólica complexa e os transtornos alimentares, como a compulsão alimentar, têm raízes psiquiátricas.

Educar a sociedade sobre esses aspectos ajuda a quebrar estereótipos prejudiciais e promover uma compreensão mais empática dos desafios enfrentados por indivíduos lutando contra a obesidade e transtornos alimentares. Além disso, compreender os impulsos subjacentes à compulsão alimentar desempenha um papel essencial no apoio às pessoas que enfrentam esses desafios.

O caminho para a mudança começa com a disseminação do conhecimento e a desconstrução dos estigmas associados à obesidade, criando um ambiente mais inclusivo e informado.

Mudança de estilo de vida

Na busca por entender a complexa relação entre peso e saúde, é essencial reconhecer que o Índice de Massa Corporal (IMC) por si só não determina automaticamente o estado de saúde de uma pessoa. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a obesidade como uma condição médica. Isso leva muitas pessoas a associarem automaticamente a obesidade à doença.

O que então marca a diferença? A resposta está na mudança de estilo de vida, que podemos citar como “gestão da obesidade”, destacando:

  • Comer melhor: não significa adotar dietas restritivas, mas sim escolher alimentos caseiros e nutritivos.
  • Incluir atividade física regular: fundamental, não necessariamente em uma academia.
  • Eliminar vícios: como tabagismo e consumo excessivo de álcool
  • Dormir bem: priorizar o sono de qualidade

Com essas medidas, uma pessoa pode conviver com a obesidade sem desenvolver doenças metabólicas. O estado de saúde é determinado por parâmetros de exame, como glicemia, insulina, colesterol e saúde cardiovascular.

Pesquisas demonstram que a perda de peso de apenas 5% já pode impactar positivamente os níveis de insulina e glicose, enquanto 10% de redução de peso contribui para a diminuição da gordura no fígado. Além disso, uma redução de peso de 15% pode beneficiar a saúde cardiovascular. Portanto, mesmo que uma pessoa com 150 quilos perca 20 quilos, ela ainda pode permanecer com excesso de peso, mas dentro dos parâmetros de saúde adequados, graças às conquistas de 5%, 10% ou 15% na perda de peso.

Achamos que você pode gostar deste episódio: 🎧 7 hábitos alimentares para ter mais saúde em 2023

 

Comportamento alimentar e qualidade do sono

A relação entre a qualidade do sono e nossos hábitos alimentares é mais profunda do que imaginamos. Estudos revelam que a privação de apenas uma hora de sono essencial pode levar as pessoas a consumirem até 400 a 500 calorias adicionais. Isso acontece porque a falta de sono aumenta os níveis de cortisol, gerando ansiedade e a busca por conforto na comida, especialmente aquela rica em calorias e gordura.

Recomendamos também este artigo: Privação de sono pode aumentar o risco de obesidade

Não é apenas uma questão de despertar com um desejo compulsivo de comer; a qualidade do sono também desempenha um papel crucial na obesidade e em distúrbios alimentares.

Os micro despertares frequentes durante a noite, relacionados ao sono insatisfatório, estão ligados a problemas cognitivos e de saúde, incluindo o risco de demência. Portanto, ao buscar soluções para a obesidade, é fundamental incluir a avaliação e o tratamento do sono como parte integral do processo.

Além disso, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos antes de dormir também pode prejudicar o sono e até mesmo estar associado ao desenvolvimento de transtornos alimentares.

A busca por uma saúde equilibrada vai além da simples perda de peso: envolve um conjunto de mudança de hábitos, para promover um sono de qualidade e uma vida mais longa e saudável.

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Fonte:

Entrevista com Valeska Bassan no Podcast Cuidando de Você

Matéria: Obesidade entre jovens de 18 e 24 anos cresce no Brasil, aponta levantamento | https://www.cnnbrasil.com.br/saude

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