Algumas pessoas, diante momentos difíceis, dizem para você evitar ou superar emoções negativas. “Não fique triste”, “você não pode ficar com raiva”, “pare de chorar”, entre outros conselhos. Emoções como tristeza, raiva, culpa, medo e vergonha geralmente são vistas como negativas, que devem ser evitadas e eliminadas a qualquer custo. Aparentemente, se livrar de algo negativo faz sentido.
No entanto, a emoção é uma resposta que apresentamos quando passamos por diversas situações da vida. Elas devem ser entendidas como uma parte adaptativa para a nossa sobrevivência. Por exemplo, quando uma ameaça se aproxima, seja um animal ou um indivíduo encapuzado à noite, o medo nos prepara para a ação. Assim, podemos perceber mudanças fisiológicas (hiperventilação e tensão muscular), cognitivas (apreensão e pensamentos estratégicos) e comportamentais (correr, lutar ou congelar).
Logo, devemos aceitar as emoções como parte da experiência humana, sejam elas positivas ou negativas, que nos permitem vivenciar inteiramente nossa existência, bem como responder ao ambiente que nos cerca. Na verdade, o problema não é sentir uma emoção, e sim o que fazemos quando a sentimos. Ao invés de evitá-la, devemos primeiramente aceitar a emoção e, após, responder ao invés de reagir.
Afinal, os problemas surgem quando você sente raiva, ou o que você faz quando sente raiva? Quando você sente tristeza, ou o que você faz quando está triste? Podemos notar que, quando as pessoas sentem raiva, algumas conseguem responder de forma adequada por meio do diálogo, enquanto outras se tornam reativas e agem de forma agressiva e impulsiva. Em relação à tristeza, o problema está quando o indivíduo tenta evitar a tristeza, “mascarando-a”, ou, ainda, se isola socialmente e deixa de realizar suas atividades cotidianas.
Percebemos então, que o problema não está em sentir as emoções, e sim na evitação ou na reação a elas. Você já se deixou levar pela emoção e depois se arrependeu? Falou algo que não devia? Comeu uma panela inteira de brigadeiro ou “bebeu todas”? Pois é, essa é a grande questão! Mas então, como aprender a responder adequadamente às nossas emoções?
Você pode seguir três passos: observar suas emoções, respirar ao redor delas e deixar com que elas venham e vão.
- Observar significa trazer a consciência para as emoções, observando quais são as respostas fisiológicas, cognitivas e comportamentais. Apenas observe quais são as sensações provocadas em seu corpo, os pensamentos que estão passando pela sua cabeça e como você gostaria de agir. Apenas OBSERVE!
- Respirar consiste em respirar dentro e ao redor da emoção, como se você estivesse sobrevoando a sua emoção e as respostas dela. Respire profundamente pelo menos 10 vezes.
- Por fim, permitir significa aceitar que a emoção esteja ali, mesmo que você não goste ou não queira, mesmo que ela seja incômoda. Permita que a emoção esteja ali, no presente, e não tente se livrar dela. Se ela mudar por si mesma, tudo bem. Se não mudar, tudo bem também. O objetivo é aceitar a emoção que está aqui e agora. Assim como nossos pensamentos, nossas emoções vêm e vão, e não são permanentes. Aceitar a impermanência das nossas emoções significa libertar-se da necessidade de evitação ou controle.
Percebemos então que não conseguimos (nem precisamos) evitar ou mudar nossas emoções. Elas fazem parte da nossa vivência e experiência humana. É importante aceitar as emoções que surgem para lidar com as demandas diárias e, ao invés de reagir, devemos aprender a responder de forma adequada, pautada em nossos valores mais profundos. As emoções não determinam as nossas ações. Eu posso sentir raiva e agir com calma e tranquilidade. Eu posso sentir ansiedade por falar em público e mesmo assim enfrentar essa situação. Isso é libertador!
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