Transtorno do Pesadelo pode ser definido como qualquer sonho perturbador que provoca emoções negativas. Eles podem ser comuns, principalmente na infância, atingindo cerca de 4% das crianças, e tende a ficar menos frequente na vida adulta, variando de 1 a 2%. Quando ocorrem de forma espaçada, são perfeitamente normais, e de certo já aconteceu em algum momento da sua vida. Mas você sabia que ter pesadelos pode ser algo patológico, e que necessita de devidos cuidados?
Quais são os sintomas?
O transtorno do pesadelo é caracterizado por ocorrências repetidas de sonhos prolongados, desconfortáveis e bem lembrados, que geralmente estão associados com esforços para evitar ameaças à sobrevivência, à vida ou à integridade física. Tipicamente ocorre na segunda metade do episódio principal do sono, e ao despertar dos pesadelos, a pessoa fica rapidamente orientada e alerta. Esse transtorno gera sofrimento significativo, impactando no funcionamento social, profissional e em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Esses pesadelos não são causados pelo uso de substâncias, como álcool, drogas ou outros medicamentos.
Quais são as características diagnósticas?
Os pesadelos, que são sonhos longos, elaborados e semelhantes a uma narrativa real, geram ansiedade, medo e outras emoções desconfortáveis por seu conteúdo. Esses conteúdos estão associados a perigos iminentes, podendo ocorrer após experiências traumáticas anteriores. Quando a pessoa desperta, os pesadelos são bem lembrados e descritos com detalhes, e terminam com o despertar e com o rápido retorno ao estado de alerta. No entanto, as emoções negativas geradas pelos pesadelos persistem mesmo quando em estado de vigília, e provocam dificuldade para adormecer novamente e desconforto durante o dia.
Quais são as possíveis causas?
Fatores temperamentais, ambientais, genéticos e comportamentais podem predispor a ocorrência do transtorno do pesadelo. Dentre os fatores temperamentais, destaca-se a vivência de experiências traumáticas anteriores. Os fatores ambientais envolvem a privação ou fragmentação do sono e horários irregulares para dormir e acordar, que alteram a intensidade, tempo ou quantidade de sono REM. Estudos realizados com gêmeos mostraram que aspectos genéticos também podem influenciar o desenvolvimento do transtorno do sono. Por fim, comportamentos dos pais diante de pesadelos das crianças, como tranquilizá-las e dar suporte e afeto, podem protegê-la contra o desenvolvimento de pesadelos crônicos.
Medidas de higiene do sono podem ajudar no tratamento do transtorno do pesadelo. No entanto, se ainda assim os sintomas persistirem, buscar a ajuda de profissionais especializados, como médico do sono ou psicólogos pode ser uma alternativa.
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Bianca Andrade
Psicóloga (UFSCar), Mestra em Ciências do Movimento Humano (UDESC) e Doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem (Unesp).
Referência
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM–5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
