Luto é a dor da perda. Seja a perda de um familiar, um amigo, um pet ou mesmo o fim de um relacionamento.
Afinal, todos esses processos envolvem a perda de algo significativo em nossas vidas. E é justamente nesse processo que, na ausência definitiva do objeto amado, sentimos um “turbilhão” de emoções.
Nesse sentido, a psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross notou, na década de 80, que havia certo “padrão” em relação a esse “turbilhão” de emoções e vivências, identificando 5 estágios no processo do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
Estágio da negação
Esse estágio envolve a negação do fato ou acontecimento. A negação pode ser íntima e silenciosa, como se fosse um pesadelo.
Diante do ocorrido, pensamos ter sido apenas um sonho ruim, e quando “acordarmos”, nada disso terá acontecido.
Há ainda aqueles que manifestam a negação de forma clara e explícita.
Falas como “eu não acredito”, “não pode ser verdade” ou “você tem certeza que não é uma brincadeira de mal gosto?” manifestam a tentativa de negar o fato e fugir da realidade concreta e dolorosa.
É possível que algumas pessoas permaneçam no estágio da negação por um longo período de tempo, ou sequer saiam dela. Isso porque a negação pode gerar certo “conforto”, numa tentativa de escapar da dura e triste realidade.
Estágio da raiva
Após a negação, “a ficha cai” e vem o choque com a realidade. Uma realidade que pode ser difícil de compreender e, portanto, desencadeia fortes emoções, como a raiva e a frustração.
A raiva, nesse estágio, pode ser dirigida à diversos objetos ligados à morte ou à ruptura, como pessoas, lugares ou mesmo objetos mais abstratos, como à vida e ao injusto destino.
É possível que as pessoas busquem culpabilizar ou destruir coisas relacionadas ao objeto perdido, numa tentativa de canalizar sua raiva.
Estágio de negociação ou barganha
A barganha diz respeito à negociação, numa tentativa de reverter o fato.
No caso de uma pessoa que recebeu o diagnóstico de uma doença grave, é nesse momento em que começa a fazer promessas de novas atitudes e mudanças no estilo de vida, ou mesmo de uma conexão mais íntima com o sagrado, na tentativa de adiar a morte.
A negociação também pode ser verificada no processo de luto devido ao término de um relacionamento.
A pessoa pode prometer mudanças bruscas e muitas vezes irracionais para ter o seu parceiro de volta, numa tentativa de colocar um fim à dor da perda.
Estágio da depressão
Quando a negociação não tem êxito e o objeto de amor é de fato perdido, a pessoa sente uma tristeza profunda, um vazio doloroso que torna todas as outras experiências desinteressantes e sem sentido.
É importante ressaltar que, por mais que a nossa sociedade abomine a tristeza, ela é um sentimento que faz parte da nossa experiência humana, e precisa ser vivida.
Afinal, tivemos uma perda significativa, e vivenciar e se deparar com uma realidade sem esse objeto pode ser doloroso e triste.
Estágio da aceitação
Por fim, vem o estágio da aceitação da perda. A aceitação não está relacionada à atitude de resignação ou esquecimento, pelo contrário, significa que a vida continua mesmo com essa falta.
A aceitação significa, inclusive, uma atitude de resiliência perante à morte: mesmo com um impacto profundo, a pessoa é capaz de lidar de forma saudável com seus sentimentos e adaptar-se às mudanças necessárias.
É importante destacar que os estágios do luto não se tratam de um modelo rígido.
Eles podem ocorrer com duração variada, em ordens diferentes ou mesmo não serem experimentados.
O ser humano é único e cheio de particularidades, e seria até injusto reduzi-los à um modelo rígido do luto.
O importante é tomarmos conhecimento da existência desses estágios e possíveis sentimentos, numa tentativa de ampliar nosso autoconhecimento e desenvolver estratégias que possam nos confortar e nos ensinar a lidar de forma saudável com uma perda significativa.
E sempre bom lembrar, caso precise, procure a ajuda de um profissional especializado!
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